Gostei da ideia de terminar o ano com uma matéria para entendermos o sentido de empreendedorismo.
Durante o voo de vinda acompanhei uma matéria tratando dos empreendimentos que surgiram nas comunidades do complexo do Alemão (Rio de Janeiro) e fiquei entusiasmado para ver de perto como os moradores com ajuda especializada organizaram negócios antes praticamente impossíveis.
Restaurantes, artesanato e samba de qualidade na rota de um sistema de teleféricos que proporcionam transporte e um passeio muito instrutivo.
O SEBRAE auxilia em algumas ações que os moradores realizam em seus empreendimentos, como a venda de franquias do carteiro solidário, uma empresa que leva correspondências onde elas não chegavam.
Pegamos o teleférico na estação de Bonsucesso e logo na entrada pude perceber a organização com o elevador que garante acesso à todos e com a arte disposta na estação: murais, exposições e serviços diversos, como cafés e caixas eletrônicos.
A condução custa R$ 10,00 (dez) Reais para turistas e R$1,00 (um) Real para moradores.
Fomos atendidos por operadores bem treinados, com ótima apresentação pessoal em todas as estações, isso mostra que além de bem estruturado o passeio serve muito bem as duas frentes de sua proposta: transporte de qualidade aos moradores e ponto turístico da cidade.
Muitas fotos marcam a atividade desde o embarque, é impossível não ter vontade de clicar tudo o que vemos ao mesmo tempo.
No entanto, quando entramos no veículo o impacto que tive foi de beleza, admiração e muitas inferências sobre a desigualdade em nosso país, não há livro ou vídeo que supere o momento da vista real de uma comunidade deste tamanho.
O quão dual é o morar, o ter e o sentido de cidade que carregamos em nossa aprendizagem escolar. Os telhados, as lajes e as vielas em centenas até o máximo do horizonte.
Juro que o Pão de Açúcar é magnífico, mas o impacto desta visão também é grandioso, literalmente estonteante.
O que mostram os documentários realmente é perceptível de cara: piscinas de lona na laje, crianças soltando pipa, música alta (geralmente samba e funk), porém me marcou a cena de um garoto que brincava de nadar no piso da laje.
Certamente o ladrilho estava quente e só de sunga ele dava braçadas deitado de barriga para baixo. A imaginação se adapta ao contexto e ele pode atravessar mares com suas braçadas. Deu vontade de descer, levar o garoto à praia e dizer: meu filho nade nesta beira com a mesma vontade do mar da laje!
Queríamos encontrar o restaurante do documentário, mas não foi possível por conta do horário, aos domingos o forte é o almoço.
Descemos na estação do Alemão e se eu fosse dizer algo na linguagem local, seria assim: caraca maluco, to no meio do lugar que era a boca, mermão.
Lembrar das cenas vistas pela TV, do som dos disparos e pisar ali, também trás a sensação de coragem.
Quando chegamos à última estação (Palmeras) o mirante estava lotado de turistas, todos tirando fotos em meio a UPP (base da polícia chamada de unidade de polícia pacificadora).
Muitas barracas de artesanato e barracos que servem de restaurante, com um atendimento eficaz e muito simpático.
Há uma biblioteca com espaço para exposições na estação, e pudemos contemplar fotos de um artista da região que retratou a vida na comunidade.
Uma aula-passeio para a formação do professor, com riqueza histórica, artística e principalmente para aprender a aprender:
- aprender a empreender boas ideias,
- aprender que a educação pode mudar rumos,
- aprender que todos gostam de beleza e carinho,
- aprender que há pais que estão educando pelo exemplo,
E principalmente, que nossa gente tem criatividade e talento!
Quando for ao Rio, visite o complexo e compartilhe felicidade:
- a felicidade da atendente do teleférico que deseja bom ano aos passageiros,
- a felicidade da mãe e do pai que atendem na barraca e educam seus filhos pelo exemplo,
- a felicidade dos artistas que expõem suas obras,
- @ felicidade do mar da laje e de seu entusiasmado nadador!
Boas viagens e ótimos conteúdos criados para sua sala de aula em 2014!
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